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Desembargadores de AL são citados em partilha de dinheiro em processo

Empresários e políticos reclamam dos repasses no caso bilionário do Grupo João Lyra

Promotores e desembargadores do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) foram acusados por empresários e políticos de cobrarem “alto valores” oriundos da venda da safra de cana-de-açúcar para a massa falida da Laginha Agroindustrial. A queixa apresentada em reunião na Câmara de Vereadores de Coruripe por empresários e políticos foi gravada por um dos integrantes, em sigilo. A informação é do jornalista Paulo Cappelli do site Metrópoles.

Em um dos áudios, José Raimundo de Albuquerque Tavares, empresário e ex-prefeito de Junqueiro (AL), conversa com Joaquim Beltrão, ex-deputado federal e ex-prefeito de Coruripe, sobre a quantidade de pessoas “comendo” dinheiro com o bilionário processo de falência da Laginha.

A cada ano, como forma de arrecadar dinheiro para amortizar as dívidas, os administradores da massa falida vendem a cana produzida nas terras da Laginha a outras usinas, uma vez que as unidades ligadas ao grupo estão inutilizadas pela falta de manutenção.

A empresa é avaliada em R$ 3 bilhões e tem dívida fiscal e trabalhista de aproximadamente R$ 4 bilhões. A massa falida da indústria, que pertencia ao empresário e ex-deputado federal João Lyra, morto em 2021, reúne três usinas de açúcar e etanol.

No áudio, Joaquim Beltrão denuncia que “às vezes, sem querer o cabra consegue umas coisas, um negócio a favor. Aí sobre isso todo mundo ficou ‘peixe’, ninguém foi atrás do promotor, ninguém foi atrás de nada, ficou ali. Eles têm o poder da caneta. Se eles quiser [sic] moer essa cana todinha, aí eles mói. Só que tem um problema: fica com medo de a gente tocar fogo em tudo, nem a gente nem eles”.

“É como o Joaquim e o Alfredo disseram aí, agora há pouco, que é caro demais, agora é porque também é muita gente comendo”, diz Raimundo Tavares. “É… não é porque… é gente comendo, também, os caras querem muito”, responde Beltrão. Raimundo, então, completa: “É caro por isso. Muita gente comendo demais. É o promotor, é o administrador, é o povo de São Paulo, aí é Sandro, aí é desembargador, é filho de desembargador. Quando soma, é um valor da p*rra. É por isso que fica caro”.

Na conversa, o empresário não cita os nomes dos desembargadores e promotores que seriam contemplados. Em dezembro, a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Alagoas nomeou dois promotores para apurar o conteúdo da gravação.

Os áudios datam de 21 de outubro de 2022 e foram juntados ao processo de falência da Laginha, que se arrasta no TJ alagoano desde 2014.

 

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